O trato iliotibial (TIT) é uma faixa de tecido fibroso que se origina no osso da bacia (crista ilíaca) e a partir dos músculos tensor da fáscia lata, glúteo máximo e médio e termina na tíbia e na fíbula.
A síndrome do trato iliotibial (STIT) é uma lesão por sobrecarga do TIT. A inflamação surge na parte lateral do joelho e se caracteriza por dor localizada na extremidade do TIT próximo ao fêmur.
Entre os corredores, 1,6 a 12 % apresentam a STIT ao menos uma vez durante a atividade esportiva e, portanto é chamada também de “Runners’Knee” (joelho do corredor).
Durante a corrida, ocorrem em torno de 1800 impactos/km absorvidos em parte pelo mecanismo de flexão e extensão do joelho. No ciclismo, o joelho realiza movimentos de flexo-extensão na ordem de 80 X/minuto, 4800 X/hora pedalada.
Ao flexionarmos o joelho, em torno de 30º, o TIT posiciona-se atrás do epicôndilo lateral do fêmur, enquanto que durante a extensão, o TIT passa a posicionar-se à frente do epicôndilo lateral do fêmur. Portanto o movimento de flexo-extensão na corrida ou no pedal promove um atrito entre estas estruturas do joelho.
O corredor sente uma dor localizada na região lateral do joelho, 2 a 3 cm acima da linha articular.
O início da dor se manifesta durante a corrida, que piora progressivamente e limita a distância programada ou as velocidades mais altas. A dor pode piorar ainda mais nas subidas ou descidas e fazer o atleta parar. Após alguns minutos de repouso, a dor desaparece espontaneamente, mas logo reaparece após o início de uma nova corrida.
A insistência em correr com a dor pode agravar a inflamação, causando também irradiação da dor para cima ou abaixo do joelho e inchaço com crepitação (estalidos).
Podemos considerar alguns fatores predisponentes dentro da anatomia do joelho como a tensão aumentada do TIT, o geno varo (joelho em arco), epicôndilo lateral proeminente, pé cavo, hiperpronação do pé, assimetria dos membros inferiores (diferenças de comprimento nas pernas).
O treinamento também pode representar um fator predisponente importante ao aparecimento daSTIT.
Alguns testes clínicos são realizados com o objetivo de identificar o foco da dor, como:
Nos casos crônicos, pode haver uma contratura do TIT e limitar alguns movimentos do membro inferior.
O tratamento clínico abrange o controle da dor através do uso de analgésicos, antiinflamatórios ou até infiltrações com corticosteróides. O repouso relativo até que ocorra uma melhora dos sintomas é importante para que o tratamento seja eficiente.
A fisioterapia abordará métodos de controle da dor (gelo, exercícios de alongamento). A hidroterapia por sua vez pode ser também empregada.
Após a melhora da dor, devemos lembrar de corrigir movimentos da corrida, atenção aos fatores predisponentes e tentar corrigi-los.
Raramente a cirurgia está indicada, sobretudo quando não houver sucesso no tratamento clínico.
Não há uma regra perfeita para a prevenção da STIT, mas manter um hábito mínimo de alongamento, aquecimento e atenção a um treino bem programado são regras básicas para o corredor que quer se ver livre do problema.
A gravidade da STIT está diretamente relacionada ao tempo de existência da lesão sem diagnóstico ou tratamento adequado, portanto esperar muito é sinônimo de um longo tempo de tratamento.