As torções das articulações são acidentes frequentes na prática esportiva e o joelho é uma das articulações mais comprometidas, perdendo em frequência, apenas pelas articulações do tornozelo e da mão.
Nossas articulações possuem capacidades individuais de suportar movimentos e podem sofrer com amplitudes maiores do que as normais. Torções desta natureza são comuns nos esportes de contato, ou mesmo nos acidentes dos esportes individuais.
A prevenção das torções do joelho começou a tomar vulto nos anos 70, onde algumas joelheiras especiais (órteses de joelho) foram introduzidas preventivamente na proteção dos ligamentos do joelho.
Em 1984 a Academia Americana de Cirurgiões Ortopedistas (AAOS) publicou não haver evidências definitivas de que as órteses, utilizadas de forma profilática, pudessem reduzir a frequência das torções do joelho. Apesar das evidências, alguns esportistas continuam utilizando tais órteses, justificando o aspecto psicológico e os benefícios de controle de movimento, ainda não comprovados.
Hoje, podemos considerar alguns fatores que predispõem às torções do joelho no esporte:
Fatores ambientais: estudos recentes, abordando a influência das superfícies de contato e os tipos de calçados nas lesões articulares do joelho, apresentam resultados controversos, quando analisadas as variáveis: dureza, coeficiente de atrito, cargas aplicadas e condições ambientais. Certos calçados com coeficientes de atrito elevados e que interagem com alguns tipos de pisos esportivos, tem sido identificados como fatores de risco às lesões ligamentares do joelho. Grandes coeficientes de atrito entre calçados e superfícies são associados à melhor performance, porém geram maior risco de lesões, portanto pisos que conferem maior aderência podem propiciar maior risco de torções. Pisos secos também tem sido relacionados às torções do joelho durante alguns movimentos rotacionais.
Fatores anatômicos: há diferenças entre os sexos no alinhamento dos membros inferiores, na frouxidão dos ligamentos e no desenvolvimento muscular. O sexo feminino apresenta um risco 5 a 8 vezes maior do que o sexo masculino nas lesões de um dos ligamentos do joelho, o ligamento cruzado anterior. As diferenças na biomecânica da aterrissagem e na anatomia do joelhos e quadris entre os sexos, influenciam os padrões dos movimentos, embora ainda não tenham sido totalmente elucidados.
A frouxidão dos ligamentos, uma combinação de hipermobilidade e flexibilidade, é mais frequente no sexo feminino. A hipermobilidade da articulação parece ser herdada geneticamente, embora a flexibilidade possa ser alterada através do condicionamento físico. Alguns estudos avaliaram as relações entre hipermobilidade e frouxidão dos ligamentos com o risco de lesões torcionais, porém, apresentaram resultados conflitantes e as respostas ainda permanecem indefinidas.
Fatores biomecânicos: os papéis da propriocepção e do controle neuromuscular na estabilidade da articulação tem sido amplamente estudados na prevenção e tratamento das lesões ligamentares do joelho. A ativação muscular esquelética pode ser consciente (controle voluntário) ou inconsciente (iniciado automaticamente como parte de um programa motor ou como resposta de um estímulo sensorial).
As diferenças dos fatores de risco biomecânicos entre os sexos ainda geram dúvidas quando à real interferência nas lesões torsionais do joelho. Entretanto, os programas de fortalecimento e propriocepção, que estimulam o treinamento muscular durante as aterrissagens e mudanças de direção, foram introduzidos recentemente nos treinamentos de algumas modalidades esportivas e têm se mostrado promissores na prevenção de lesões ligamentares do joelho.
Previna-se de torções e bons treinos!