Os antiinflamatórios não hormonais no esporte.

11 de julho de 2017 | Por

Os medicamentos antiinflamatórios não hormonais (AINH) são frequentemente utilizados na medicina esportiva. São amplamente conhecidos os efeitos antiinflamatórios, analgésicos, antipiréticos e antitrombóticos dos AINH, embora seus efeitos in vivo no tratamento das lesões musculoesqueléticas nos humanos ainda permaneçam parcialmente conhecidos.

Os AINH possuem uma ação bem documentada como potentes analgésicos; portanto, quando prescritos, devemos considerar se estão sendo utilizados com fins analgésicos, anti-inflamatórios ou combinados. Woo e colaboradores avaliaram a ação analgésica dos AINH nas lesões musculoesqueléticas e concluíram não ser significantemente maior do que o paracetamol, embora apresentem um perfil de risco elevado, com efeitos adversos que incluem a exacerbação da asma, efeitos gastrointestinais e renais, hipertensão e outras doenças cardiovasculares.

A prescrição de AINHs no manejo das lesões do esporte deve ser cautelosa e específica para cada patologia, principalmente quando apenas a analgesia é o principal resultado desejado. No entanto, com base tanto na atual compreensão da fisiopatologia da maioria das lesões e a frequência com que a inflamação representa no complexo das lesões, é prematuro supor que os AINH não sejam úteis para o médico que trata de lesões esportivas.

A minimização da dose e da duração do uso dos AINH deve ser priorizada e combinada com princípios simples de proteção, repouso, gelo, compressão e elevação (PRICE) nas lesões agudas, geralmente associados a uma reabilitação física adequada.

Os AINH são provavelmente mais úteis no tratamento de pinçamentos de tecidos moles e nervosos, nas artropatias inflamatórias e tenossinovites. Por outro lado, os AINH não são geralmente indicados nas tendinopatias crônicas isoladas ou nas fraturas. Nas lesões musculares, o tratamento com AINH é ainda controverso.

As condições nas quais o uso dos AINH requerem uma avaliação mais cuidadosa incluem as lesões ligamentares, as lesões articulares, as osteoartrites, os hematomas e nos casos pós-operatórios.

Grupos de trabalho baseados em evidências no tratamento da dor recomendam usar paracetamol como tratamento de primeira linha para a dor musculoesquelética aguda e crônica.

As injeções intramusculares de AINH apresentam riscos adicionais, como níveis de drogas flutuantes, infecções e necrose muscular, como a síndrome de Nicolau. Os AINH atuam na inibição da via da cicloxigenase (COX), bloqueando a produção de prostaglandinas a partir do ácido araquidônico. A inibição das pros- taglandinas provoca uma diminuição da resposta da cascata inflamatória, mas também provoca um aumento da produção de leucotrienos através da cascata do ácido araquidônico.

Os inibidores da COX-2 são uma subclasse dos AINH, que especificamente bloqueiam a enzima COX-2 e subsequentemente apresentam menores efeitos adversos gastrointestinais e renais, embora apresentem um aumento do risco de efeitos adversos cardiovasculares.

Os AINH na medicina esportiva são geralmente ministrados como formulações tópicas, orais, intramusculares ou, menos comumente, preparações endovenosas.

O uso diário de AINH na população geral é da ordem de 1 a 4%, enquanto nos atletas de elite durante os Jogos Olímpicos ou durante os jogos de uma Copa do Mundo da FIFA, as descrições são da ordem de 25% a 35% dos atletas envolvidos. Dada a sua disponibilidade, o uso de antiinflamatórios para tratar lesões do esporte na população em geral é provavelmente similar ao observado nas populações de esportes de elite.

As recentes publicações dos efeitos adversos entre os antiinflamatórios, em combinação com o maior conhecimento da fisiopatologia das lesões de tecidos moles, resultaram num desafio para a medicina do esporte. Embora as taxas de utilização de AINH tenham sido potencialmente elevadas no passado, devemos ter cautela quanto à rejeição ao uso de AINH, pois podem ser potencialmente úteis em diversos cenários envolvendo lesões do esporte.

Nunca utilize um medicamento sem prescrição médica.

 

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