A corrida continua a ser o esporte de escolha de milhares de pessoas pelo mundo devido a razões básicas, como a conveniência de poder praticá-la em muitos lugares, a relativa facilidade de execução e os benefícios de saúde que ela promove.
A prática da corrida como atividade física tem demonstrado ao longo do tempo notórios benefícios cardiovasculares, no aumento da longevidade e na preservação da qualidade de vida.
A corrida também assumiu o papel de um dos esportes individuais que mais cresce anualmente no mundo todo. O fenômeno mundial da corrida atrai cada vez mais jovens em busca de saúde, prazer, relacionamentos e competição.
A corrida regular praticada a longo prazo também desencadeia uma série de adaptações músculo-esqueléticas, podendo gerar benefícios nos tecidos musculares, tendinosos, ósseos, ligamentares e cartilaginosos. Tais benefícios são representados pelo fortalecimento dos tecidos, incrementos na força, coordenação, propriocepção, resistência, equilíbrio e na flexibilidade, dentre outros.
As estatísticas de lesões na corrida, porém, passaram a abranger um número cada vez mais amplo de novas lesões com gravidades variadas. A literatura ainda busca respostas definitivas sobre as consequências da corrida a curto, médio e longo prazo e também sobre as reais implicações dos fatores de risco na geração de lesões músculo-esqueléticas.
Perguntas aparentemente simples permanecem sem respostas: “O que podemos fazer para evitarmos lesões na corrida? Quais fatores de risco devem ser valorizados na prevenção de lesões?” As respostas são complexas e individuais, já que são dependentes de múltiplas variáveis, tais como: idade, sexo, peso, anatomia (alinhamento dos membros inferiores, restrições articulares), estado nutricional, biomecânica da corrida, lesões pregressas, fatores ambientais, tempo de experiência de corrida, características do treinamento, intervalo entre sessões de treinamento, calçados e superfícies do terreno e fatores psicológicos, dentre outros.
Apesar de numerosos estudos abordarem as relações dos fatores de risco com as lesões na corrida, pouca evidência científica foi encontrada até o momento. Dentre os fatores considerados de maior risco para o desenvolvimento de lesões na corrida em corredores recreacionais estão: as lesões pregressas, a pequena experiência na corrida, o treinamento para competição, a competição de corrida e a distância semanal excessiva de treinamento. Tais fatores podem diferir para corredores profissionais e com grande experiência de treinamento e competição.
Hoje sabemos que não há esporte isento de riscos de lesões a curto, médio e longo prazos. Mesmo corredores recreacionais estão sujeitos a lesões de pequena gravidade, pelo menos uma vez ao ano, na ordem de 37% a 56%.
Análises de estudos retrospectivos e prospectivos em corredores iniciantes a profissionais, revelam uma incidência anual de lesões entre 26 e 92,4%. Estudos em corredores iniciantes ou com pequena experiência apontam uma incidência de lesões relacionadas à corrida entre 12 e 33 lesões por 1000 horas de exposição à corrida. A grande variação na incidência de lesões é causada pelas diferenças de definição de lesão, tipos de corredores (iniciantes, recreacionais, elite), volumes e intensidades de treinamento e desenhos dos estudos científicos.
Dentre as localizações anatômicas mais frequentemente acometidas por lesões, o joelho representa um dos locais anatômicos de maior incidência (7,2 a 50%), seguido pela perna (9,0 a 32%), pé (5,7 a 39,3%), coxa (3,4 a 38,1%), dentre outros.
A biomecânica da corrida é complexa e abrange múltiplas variáveis mecânicas capazes de explicar como o organismo consegue administrar as forças aplicadas durante os movimentos. A corrida como qualquer modalidade esportiva, deve ser aprendida e aperfeiçoada para um melhor rendimento esportivo e assim minimizar alguns fatores de risco para o desenvolvimento de lesões a médio e longo prazo.
Procure conhecer mais e prevenir seu corpo de lesões. Bons treinos!