As dores nas pernas são queixas muito frequentes nos corredores e as “canelites” representam 6% a 16% de todas as lesões nos corredores.
Outras denominações são encontradas na literatura, tais como: a “dor na perna induzida pelo exercício” e a “tibialgia”.
Embora vários estudos tenham procurado estabelecer as causas exatas para o surgimento da dor na “canelite”, esta questão permanece ainda não resolvida. Até recentemente, a teoria mais aceita é a inflamação do tecido que recobre o osso da tíbia (periósteo), gerada pela tração dos músculos sóleo e flexor longo dos dedos, além do tecido que recobre os músculos, a fáscia profunda.
Mais recentemente, estudos apresentam a teoria de que a “canelite” não corresponde a uma inflamação, mas sim a uma resposta de formação e absorção de osso, secundária à tração que os músculos exercem sobre a tíbia.
A sensação de “dor óssea”, gerada durante a corrida e aterrissagem dos saltos, tem uma evolução progressiva. No início, a dor apresenta baixa intensidade, mas pode evoluir para grande intensidade, impossibilitando o atleta de continuar o treinamento.
A dor tem uma extensão de 4 a 6 cm, localizada principalmente na margem posterior e interna (medial) da tíbia. Os sintomas podem durar dias a meses e provocar mudanças no rendimento do atleta. Os movimentos do pé e tornozelo geralmente não desencadeiam dor, porém os movimentos de alongamento do músculo sóleo e os saltos com uma perna podem ser sintomáticos.
Os fatores predisponentes ao aparecimento das canelites são ainda amplamente discutidos, tais como: a pronação excessiva, as atividades de impacto repetitivo, o aumento súbito na freqüência, intensidade e duração da atividade esportiva, o treinamento em superfícies rígidas, algumas técnicas de treinamento, calçados inadequados, os desequilíbrios musculares, as deficiências de flexibilidade, os índices de massa corporal elevados, as lesões pregressas e as anormalidades biomecânicas.
A ressonância magnética é o melhor método de imagem para o diagnóstico específico de cada estágio, fornecendo dados mais confiáveis à respeito da duração e da extensão da lesão. O entendimento da evolução desta lesão é de grande importância para o acompanhamento clínico e o tratamento do atleta.
As formas de tratamento são inicialmente conservadoras, através da utilização de medicamentos (sob prescrição), as compressas com gelo (crioterapia), os exercícios de alongamento, as modificações no treinamento e as correções biomecânicas, dentre outros métodos. O tratamento cirúrgico fica reservado aos casos mais duradouros e sem melhora com os métodos conservadores.