O primeiro registro de um caso de fratura de estresse do colo do fêmur foi descrito por Blickenstaff e Morris.
As fraturas de estresse do colo do fêmur representam 5% do total das fraturas de estresse.
A magnitude das cargas geradas sobre o quadril varia em função dos movimentos executados. Devas descreveu originalmente dois tipos de fraturas de estresse do colo femoral: compressão (região inferior do colo) e distração (região superior do colo).
Fullerton e Snowdy aperfeiçoaram a classificação de Devas no esforço de melhor descrever o prognóstico e o tratamento das lesões dividindo as fraturas em três tipos: compressão, tensão e desviada.
Blickenstaff e Morris classificaram as fraturas por estresse de colo do femur em três tipos, baseados nos sinais radiográficos encontrados:
Tipo 1 – Fratura com evidências de calo periosteal sem visualização do traço de fratura
Tipo 2 – Fratura da região do calcar ou através do colo femoral sem desvio
Tipo 3 – Fratura desviada
Provencher et al identificaram um tipo de fratura de estresse no lado de tensão do colo com características atípicas (imagem de ressonância magnética com hipersinal em T2 na transição da cabeça com o colo do fêmur), localização que permite um tratamento conservador, com evolução semelhante às fraturas do córtex inferior do colo. Basicamente, as fraturas não desviadas podem acometer o colo do fêmur em sua superfície superior (cortical superior) ou inferior (cortical inferior).
O quadro clínico das fraturas por estresse do colo caracteriza-se por dor localizada no quadril, no glúteo, região anterior da coxa ou joelho, arco de movimento doloroso e ou limitado, claudicação, limitação progressiva do rendimento esportivo e atitude antálgica.
O tratamento das fraturas do colo varia em função da localização (cortical superior ou inferior) e da presença de desvio. As fraturas da cortical superior respondem melhor ao tratamento cirúrgico (fixação interna pela técnica de pinagem in situ) devido às características biomecânicas da região. Por ser considerada uma área de tensão óssea, essa região gera um potencial de desvio, deformidade em varo, retarde de consolidação ou até pseudo-artrose, quando são empregados métodos conservadores de tratamento.
A necrose avascular da cabeça femoral também foi descrita como uma complicação das fraturas por estresse desviadas do colo femoral. As fraturas da cortical inferior (região de compressão do colo) representam a maioria das fraturas do colo em atletas e na população jovem. Geralmente não progridem para desvio e apresentam consolidação após o tratamento conservador. O retorno ao esporte varia em torno de 7,5 a 11,5 semanas.