As lesões envolvendo a região lombar, a pelve, os quadris e as coxas somam aproximadamente 25 a 30% de todas as lesões nos corredores.
Os mecanismos de estabilização do CORE durante a corrida abrangem a fáscia tóraco-lombar, a pressão intra-abdominal, os músculos paraespinhais (interespinhais e intertransversais), a musculatura lombar profunda (músculos multifidus, iliocostal, longuíssimo torácico), os músculos oblíquos (interno e externo), o transverso do abdome, o reto abdominal, os musculos glúteos, o quadrado lombar e os músculos do assoalho pélvico.
São 29 pares de músculos evolvidos na estabilização do tronco durante os movimentos da corrida. Quando contraídos, os músculos estabilizadores do CORE são capazes de criar um cilindro rígido muscular no tronco. Tal ação deve ocorrer de preferência, frações de segundo antes do início dos movimentos e de forma automática.
A pobre estabilização lombo-pélvica durante a corrida tem sido citada na literatura como um fator de risco para o surgimento da dor lombar e de lesões nos membros inferiores entre seus praticantes.
Pesquisadores tem demonstrado que a coluna lombar é o eixo central dos movimentos de corrida e que os distúrbios de força dos músculos do CORE (estabilizadores centrais) podem desencadear lesões e sintomas no tronco e membros inferiores. As forças de reação do solo devem ser dispersadas pela ação conjunta de músculos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares, pois caso contrário, a concentração de estresse pode desencadear falhas nos tecidos humanos.
Como exemplo, a fraqueza dos músculos reto e transverso do abdome e a tensão aumentada dos músculos iliopsoas podem provocar um aumento do angulo de flexão do quadril durante o início do contato do pé no solo, o que pode culminar com uma tensão excessiva nos músculos isquiotibiais, podendo causar aumento do risco de lesões nestes grupos musculares.
A literatura tem apresentado uma relação biomecânica entre a pobre estabilização do CORE e as lesões na corrida, como: as tendinopatias do tibial posterior, a síndrome do estresse tibial medial (canelites), as lesões da cartilagem da patela (condropatias), as fasciites plantares e as lesões musculares isquiotibiais, dentre outras.
A realização de exercícios de estabilização central, ou fortalecimento do CORE, têm como objetivos: permitir ao indivíduo um maior controle postural durante os movimentos, estimular o controle muscular voluntário e automático do complexo muscular lombar-pelve-quadril, promover melhor estabilidade central e consequentemente maior eficiência dos movimentos dos membros inferiores e superiores, permitindo um retorno mais precoce à corrida.
Médicos, fisioterapeutas e treinadores devem encorajar os corredores a conhecerem a cadeia de eventos relacionadas aos diferentes grupos musculares, a fim de reduzirem o risco de desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas.
Fortaleça o seu CORE e bons treinos!