Bursas são bolsas revestidas internamente por uma membrana chamada de “sinovial”, a mesma que existe dentro das nossas articulações. O conteúdo destas bursas é o líquido sinovial, uma substância de aspecto viscoso, com características de gel.
As bursas contribuem para a proteção de choque e diminuem as pressões e o atrito entre duas estruturas vizinhas (tendões, ligamentos e ossos). Localizam-se em muitas regiões do corpo, mas concentram-se próximo às articulações, nas áreas de contato entre tendões, entre tendões e ossos, ou entre a superfície do osso e a pele.
O joelho possui em torno de 8 bursas e podem causar sintomas intensos e limitantes. No quadril, a bursa trocantérica (sobre o trocânter maior do fêmur) é uma das mais afetadas por inflamações nos indivíduos praticantes ou não de esportes. O ombro, cotovelo, pés e tornozelos também apresentam bursas menores, mas também sintomáticas durante as inflamações.
As bursites podem ser causadas por traumatismos diretos, como em decorrência de quedas. Alguns movimentos repetitivos de grande duração, como durante uma corrida longa, ou pedal podem desencadear bursites crônicas em regiões específicas. Algumas doenças reumáticas como a gota e a artrite reumatóide podem se manifestar também com bursites. Alguns ferimentos de pele infectados podem vir acompanhados de bursites infectadas nas áreas próximas.
Uma queda sobre o joelho pode provocar, por exemplo, um aumento na produção de líquido ou até sangramento de uma ou mais de suas bursas, o que caracteriza uma inflamação chamada de bursite traumática ou bursite aguda. Após o traumatismo ou esforço repetitivo, as bursas podem produzir grandes volumes de líquido sinovial, causando aumento de temperatura local, dor e limitações de movimentos, em função da distensão das partes moles ao redor.
A articulação pode perder provisoriamente seus contornos habituais, dando um aspecto de inchaço localizado ou até generalizado. Algumas bursites podem causar em longo prazo adesões de partes moles, cicatrizes e calcificações.
A história clínica e um exame físico adequado permite o diagnóstico clínico correto na maioria das vezes.
Pode-se confundir uma bursite aguda com uma inflamação da articulação (sinovite aguda), infecções da articulação (pioartrite) ou da pele (celulite, erisipela).
O exame de ultrasom permite identificar as bursas e determinar suas dimensões, além de revelar algumas características de seu conteúdo.
A ressonância magnética possibilita identificar as bursas de forma mais anatômica, além de afastar outros diagnósticos, como as lesões articulares e as sinovites.
A aspiração do conteúdo da bursa revela informações importantes sobre as características do líquido, além de permitir uma análise microscópica específica, com identificação de células inflamatórias ou infecciosas e cultura do material para avaliar crescimento bacteriano.
As bursites agudas normalmente respondem positivamente com o tratamento à base de antiinflamatórios não hormonais, crioterapia (gelo), analgésicos e repouso.
A punção (aspiração do conteúdo) permite a diminuição do volume e da tensão, aliviando os sintomas nas bursites volumosas. As infiltrações com corticosteróides também fazem parte do tratamento das bursites.
O repouso relativo até que ocorra uma melhora dos sintomas é importante para que o tratamento seja eficiente.
A cirurgia de ressecção da bursa está indicada raramente nos casos de persistência dos sintomas após longo tratamento clínico ou limitações dos movimentos no esporte.
Bons treinos!