O osso é uma estrutura visco elástica constituída por 90% de fibras colágenas e 8% do seu peso cortical é composto por cristais de hidroxiapatita. Tal estrutura permite que o osso resista às forças deformantes de características variadas, tendo o colágeno a principal característica de resistir às forças de tensão, enquanto os cristais de hidroxiapatita resistem principalmente às forças de compressão.
Os ossos são estruturas capazes de sofrer modificações continuamente em resposta a estímulos deformantes.
O fenômeno fisiológico da “Remodelação Óssea” manifesta-se continuamente no osso vivo, propiciando uma série de adaptações geradas em resposta aos fatores mecânicos (direção, intensidade, freqüência das cargas aplicadas), dietéticos e hormonais. A remodelação fisiológica pode sofrer um desbalanço no binômio .
Os músculos envolvem as estruturas ósseas e funcionam como fatores de proteção externa, geram tensão e promovem a execução de movimentos. Tais propriedades representam fatores de absorção de choque e proteção óssea constante. A fadiga muscular observada nas situações de sobrecarga física contribui para o desencadeamento das fraturas de estresse, na medida em que forças serão diretamente transmitidas ao osso onde a musculatura relacionada estiver comprometida.
As condições ambientais tais como as características do treinamento também são consideradas fatores de risco às reações de estresse (sd do estresse tibial e fratura de estresse).
Os estudos em corredores de longa distância apontam para alguns fatores como, as modificações súbitas nas características do treinamento tais como o aumento da distância percorrida e da velocidade, o condicionamento físico insuficiente, as condições de superfície inadequadas (piso e calçado) e a reabilitação insuficiente de lesões pregressas.
A história do atleta com sd do estresse tibial caracteriza-se por dor de caráter insidioso e progressivamente limitante para a atividade esportiva localizada na região anterior e medial da perna. A dor promove uma adaptação lenta às condições de treinamento, um aumento dos intervalos entre as séries de exercícios, diminuição da intensidade de execução de alguns movimentos específicos, diminuição da freqüência dos movimentos, diminuição do tempo total de treinamento, a necessidade de utilização de órteses (palmilhas, faixas elásticas), trocas de equipamento esportivo e uso de medicamentos analgésicos ou antinflamatórios.
Algumas semanas depois do início da lesão, a dor pode se tornar mais intensa, causando incapacidade funcional para o esporte.
O diagnóstico da lesão se baseia nos dados de história, exame físico geral, exame físico ortopédico, exames laboratoriais subsidiários e métodos de diagnóstico por imagem.
A suspeita diagnóstica das reações de estresse se faz necessária em virtude dos sinais e sintomas serem semelhantes às patologias comuns entre os atletas, como as lesões musculares e as tendinopatias. A tíbia é a topografia mais comum das fraturas de estresse em atletas e representa 50% do total.
A dor é geralmente localizada e apresenta caráter insidioso, piora com as atividades de impacto e manifesta-se inicialmente após o treinamento, evoluindo para a limitação progressiva da atividade física.
O tratamento conservador se baseia na manutenção das atividades físicas para a o condicionamento cardiovascular, evitando a realização de movimentos com situações de impacto (saltos, corridas). As atividades de vida diária são mantidas sem limitações, inclusive a deambulação com carga é permitida desde o início do tratamento.
O uso de medicações antinflamatórias e analgésicas, assim como a crioterapia na fase aguda permitem aliviar a dor, condição esta que permite ao atleta iniciar precocemente o processo de reabilitação específico. Neste processo, o atleta inicia progressivamente o retorno às atividades de caminhada, trote e corrida até a normalização das condições de treinamento.