O sucesso na modalidade esportiva não depende somente das características genéticas do atleta, mas também de uma série de fatores que envolvem um treinamento eficiente e apropriado para cada indivíduo. Não podemos nos esquecer de que o treinamento associado a ótimos rendimentos está baseado cada vez mais em detalhes científicos e técnicos.
A competição é um fator de estímulo para o treinamento em qualquer esporte, mas preparar-se para superar os próprios limites não é uma tarefa simples. Descobrir o ponto ótimo de estímulo de um atleta sem provocar uma quebra do equilíbrio dos tecidos é muitas vezes uma dúvida que nos norteia frequentemente.
Os tendões são estruturas compostas de fibras de tecido colágeno na sua composição principal e tem uma importante participação nos movimentos do ser humano. Não há movimento sem que ocorra a participação dos tendões na transmissão de forças geradas nos músculos.
As tendinopatias são doenças comuns a todos os esforços humanos e mais comuns e limitantes são aquelas observadas no esporte. A tendinopatia abrange uma combinação de sinais e sintomas como dor, inchaço e diminuição do rendimento esportivo.
As atividades do dia a dia provocam estiramentos nos tendões da ordem de 0 a 2% de seus comprimentos, porém os movimentos do esporte demandam frequentemente estiramentos entre 2 a 4%, caracterizando sobrecargas sobre os tendões.
A faixa etária dos 30 aos 35 anos apresenta a maior incidência de tendinopatias, enquanto indivíduos acima dos 55 anos apresentam modificações biomecânicas nos tendões, tais como diminuição na capacidade de resistir ao estiramento, força, aumento da rigidez e consequentemente aumento dos sinais de degeneração.
Alguns fatores extrínsecos são aceitos clinicamente como predisponentes às tendinopatias como: as modificações na carga, vícios técnicos de treinamento, modificações no meio ambiente e nos equipamentos associados ao esporte. Dentre os fatores predisponentes próprios do atleta (intrínsecos), os desalinhamentos dos membros e as limitações articulares são observados.
As lesões por sobrecarga nos tendões podem ser chamadas de tendinites? Tendinites implicam a presença de uma inflamação, porém as lesões por sobrecarga dos tendões não apresentam sinais químicos de inflamação. Portanto as condições crônicas dolorosas dos tendões devem ser denominadas tendinoses.
Os tendões apresentam um metabolismo baixo e a produção de fibras constituintes da sua estrutura (colágeno) tem um tempo de renovação entre 50 e 100 dias, o que reflete a necessidade de proteção de carga nas tendinopatias. A resposta à sobrecarga mecânica ocorre com aumento do seu metabolismo e também da circulação ao seu redor. Estas alterações contribuem para uma adaptação induzida pelo treinamento, como o aumento da tolerância aos esforços extremos do exercício.
Os exames de imagem como o ultra-som e a ressonância magnética embora detectem anormalidades proporcionais às suas capacidades técnicas, apresentam apenas uma moderada correlação com aspectos clínicos (sintomas e função) de algumas tendinopatias. Este fato reflete a importância do diagnóstico clínico de cada lesão, pois as imagens retratam informações anatômicas e não das modificações bioquímicas e na fisiologia dos tendões que caracterizam as lesões.
Os diversos métodos de tratamento clínicos ou cirúrgicos ainda hoje demonstram dificuldades na elaboração de protocolos, e não raramente levam à frustração de atletas, médicos, fisioterapeutas e treinadores.